quarta-feira, 13 de abril de 2011

Revolução de 30


No fim da década de 20, os setores que contestavam as instituições da República Velha não tinham possibilidade de êxito: os tenentes, após vários insucessos, estavam marginalizados, as classes médias urbanas não tinham autonomia para se organizar, portanto uma oportunidade de abrir-se ia para esses setores: uma nova divergência entre as oligarquias regionais e o golpe sofrido pelo setor cafeeiro com a crise mundial de 1929.A dissidência regional, ou seja a indicação de Júlio Prestes pelo presidente Washington Luís como candidato do governo à Presidência na eleição de 1930, ao que parece, para que Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, presidente do Estado de Minas Gerais. Rompia-se com a Política do Café com Leite. Antônio Carlos, queria enfrentar o governo federal, por isso, realizou uma aliança com o Rio Grande do Sul e a Paraíba. No Rio Grande do Sul, o Partido Republicano e o Partido Libertador tinham chegado a um relativo acordo, o que fortalecia o Estado no plano nacional. Ao Rio Gran¬de do Sul foi oferecida a candidatura à Presidência, e à Paraíba, a candidatura à Vice-Presidência. Juntou-se a eles o Partido Democrático de São Paulo e outras oposi¬ções dos Estados, dando origem a uma coligação denomi¬nada Aliança Liberal (1929). Dela faziam parte velhos políticos como Borges de Medeiros e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, e os ex-presidentes Epitácio Pessoa, Artur Bernardes e Venceslau Brás. Foram lançadas as candidaturas de Getúlio Vargas para presidente e de João Pessoa para vice. O programa da Aliança Liberal satisfazia as aspira¬ções dos setores opostos ao cafeeiro, ao proclamar que todos os produtos nacionais deveriam ser incentivados, e não somente o café, cujas valorizações prejudicavam fi¬nanceiramente o País. Igualmente, pretendendo sensibili¬zar as classes médias urbanas, o programa defendia as li¬berdades individuais, o voto secreto, a participação do Po¬der Judiciário no processo eleitoral, leis trabalhistas e anistia política.
Apesar da grande repercussão de sua campanha nos centros urbanos, os candidatos da Aliança Liberal foram derrotados, pois a grande maioria dos Estados alinhava-se com o presidente Washington Luís. A crise de 1929 embora seja certo que a crise mun-dial repercutiu com mais intensidade no Brasil em 1931, é preciso considerar que seus efeitos iniciais já abalavam o setor cafeeiro. Esse fato foi percebido pelos adversários da oligarquia cafeicultora, que nele viram uma oportunidade de derrubá-la.
Por outro lado, o setor cafeeiro e o governo federal estavam distanciados por este ter recusado auxílio no iní¬cio da crise. Os grupos dominantes de São Paulo, embora tivessem marchado com a candidatura de Júlio Prestes, não estavam dispostos a uma luta armada. Em 1930, a crise que se configurara ao longo da dé¬cada atingiu sua culminância: as oligarquias regionais dissidentes optavam pela luta armada, o descontentamen¬to militar ganhava novo alento, as classes médias urbanas, insatisfeitas, constituíam um amplo setor de apoio. Nesse momento, o setor cafeeiro era atingido pelos primeiros efeitos da Crise de 1929 e se distanciava do Governo Federal. Daí a possibilidade de vitória de uma revolução. Portanto, um fator externo - a Crise Mundial de 1929 - combinou-se com o agravamento de contradições inter¬nas.
O setor cafeeiro continuou representando o papel fun¬damental na economia do País, mas, com a derrota, per¬deu a hegemonia política. A Revolução levou a uma nova composição de equi¬líbrio entre setores da classe dominante. Não houve uma ruptura no processo histórico, e sim apenas uma acomo¬dação de interesses e uma atualização de instituições.

Daniel Henrique.

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